Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




sexta-feira, 29 de junho de 2012

Desenvolvimento organizacional de associações em Lábrea


Nesta semana, de 25 a 29 de junho, estou em Lábrea, Sul do Amazonas, dando continuidade às ações de desenvolvimento organizacional de associações, iniciadas em março com a Oficina sobre Gestão de Associações, no âmbito do Projeto de Desenvolvimento Local Sustentável do IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil.

Foi feito o diagnóstico organizacional da Associação dos Pequenos Moveleiros de Lábrea – APEMOL e da Associação Agrícola Comunitária Rio Paciá Terra Jubilar.

Também foram feitas conversas iniciais e agendada a realização do diagnóstico da Associação dos Produtores Agroextrativistas da Assembléia De Deus Do Rio Ituxi – APADRIT, Associação dos Pequenos Madeireiros de Lábrea – ASMADEL e Associação de Trabalhadores Agroextrativistas do Médio Purus – ATAMP.

A APADRIT e ATAMP elegeram recentemente novas diretorias e vêem o diagnóstico organizacional e o planejamento nas comunidades como atividades importantes para terem uma gestão mais participativa.

Com o atual presidente da ATAMP já foram agendadas reuniões nos 11 setores da Resex do Médio Purus, reunindo representantes das 97 comunidades. Segundo José Maria Ferreira de Oliveira, “envolver mais pessoas nas decisões aumenta a responsabilidade delas na execução”.

Aos poucos estamos consolidando uma proposta de desenvolvimento organizacional de associações que inclui no desenvolvimento de habilidades e competências internas de gestão a ampla participação dos associados desde o diagnóstico e priorização de problemas a serem trabalhados pela associação até a avaliação dos resultados alcançados.



segunda-feira, 25 de junho de 2012

Associações se preparam para criar rede de comercialização


Em fevereiro deste ano, 12 associações de comunidades agroextrativistas de Boca do Acre, no Sul do Amazonas, participaram da oficina “Agroextrativismo, produção sustentável e geração de renda” e decidiram se organizar em rede para a comercialização de produtos. Foi decidido também que, ao mesmo tempo em que seria feito um levantamento da produção atual e das potencialidades das comunidades, seria investido no desenvolvimento das associações para que pudessem desempenhar adequadamente o seu papel na rede, além de suas outras atividades.

Em abril fizemos a Oficina sobre Gestão de Associações, descrita em postagem daquele mês. Na semana passada, de 19 a 22 de junho, foi realizada uma nova oficina, agora sobre Diagnóstico, Planejamento, Monitoramento e Avaliação, para preparar as lideranças para a execução desses procedimentos de forma participativa nas suas comunidades.

Foi uma grande satisfação saber que a oficina anterior havia gerado resultados. Entre outros depoimentos, uma das participantes relatou que desde que a associação foi criada, em 2007, nunca tinha sido feito relatório financeiro. Fiz os relatórios de 2007 a 2011 conforme foi aprendido na oficina. Estava faltando algumas notas, que foram providenciadas e agora vou atualizar até 2012. Fiz também um relatório do que cada associado contribuiu. Vi que tem gente que nunca contribuiu. Outros contribuíram com falhas. Vamos marcar uma reunião da diretoria para apresentar os relatórios. O trabalho é grande, mas o resultado é bom. Agora tenho uma visão melhor. É difícil trabalhar no escuro.

Foram apresentadas metodologias que possam ser facilmente utilizadas pelas lideranças depois de um rápido treinamento. O livro Associação é para fazer juntos foi novamente utilizado como material didático. Para o diagnóstico foi treinado o uso da Chuva de Idéias como forma de fazer um primeiro levantamento dos problemas. Falamos da sua formulação correta, não devendo ser iniciados por “Falta de...” ou “Ausência de...”. Quando iniciados dessa forma, o que vem em seguida não é um problema, mas um recurso, que deve ser utilizado para realizar atividades que levam à solução de um problema. Para podermos encontrar uma solução mais eficiente, o problema precisa estar claramente descrito.

Os critérios para a priorização dos problemas foram apresentados e utilizados para fazer uma votação na qual cada participante escolheu um como prioritário. Os mais votados passaram por um debate em que algumas pessoas apresentaram as razões para serem considerados como prioritários. Nenhum dos presentes quis argumentar contra as escolhas. Essa metodologia foi utilizada para aprofundar o conhecimento sobre os problemas escolhidos.
 
Para complementar o diagnóstico utilizamos a metodologia “FOFA” (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) para definir melhor as potencialidades e oportunidades para solucionar esses problemas, além das dificuldades internas e externas a serem superadas.

A Matriz de Planejamento foi utilizada em grupos para os participantes definirem objetivos e resultados, atividades e recursos necessários, além de cronograma, responsáveis e parceiros para superarem os problemas priorizados.

Falamos sobre a importância de monitorar e avaliar as atividades para ter sucesso no alcance dos resultados esperados, além de gerar relatórios que serão registros para a memória da associação, prestação de contas para os associados e financiadores e informações para organizações parceiras.

A próxima atividade será a realização de diagnóstico organizacional de cada uma das associações participantes. Como demonstraram algumas dificuldades e insegurança para a aplicação das ferramentas de diagnóstico e planejamento, vamos dar continuidade à formação, agora em serviço, indo junto com um grupo de lideranças a algumas comunidades executar esses processos. Depois de algumas experiências é esperado que possam executar sozinhos. Uma proposta feita ao final da oficina é que lideranças de comunidades próximas se auxiliem nessa tarefa.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Recurso não é só dinheiro: as potencialidades da comunidade valem muito!


Nesta semana, de 05 a 07 de junho, voltei com Henyo Barreto, Coordenador do Projeto Conservação da Biodiversidade em Terras Públicas na Amazônia Brasileira, do IEB, à Aldeia São Luis, na Terra Indígena Rio Branco, em Alta Floresta D’Oeste – Rondônia.

Conforme planejado em abril, nos reunimos com diretores e conselheiros da associação e algumas lideranças para fazer o diagnóstico organizacional, esclarecer os diretores e conselheiros sobre as suas atribuições, avaliar como estão desenvolvendo suas atividades, buscar formas de melhorar o funcionamento administrativo e financeiro e fazer coletivamente uma proposta de reforma do Estatuto, a ser aprovada pela Assembléia Geral em breve.

Iniciamos com o diagnóstico organizacional, coletando informações dos participantes sobre os indicadores de desenvolvimento organizacional. Foi destacado que esta atividade é importante não só para que o consultor conheça melhor a associação é possa definir junto com eles as atividades necessárias para a realização do trabalho, mas para eles também conhecerem melhor sua organização, tendo um olhar sobre seus diferentes aspectos, incluindo aqueles que talvez não tenham ainda dado atenção. Durante a atividade já foram indicadas ações práticas, quando se tratava de questões pontuais, para sanar alguma fragilidade. Questões mais estratégicas ficaram para ser trtadas posteriormente.

Quando íamos tratar da captação de recursos, algumas lideranças disseram que aquele era o aspecto mais importante da associação porque sem recurso não dá para fazer nada. Refletimos que, sem dúvida, os recursos são fundamentais. No entanto, recurso não é só dinheiro. Há muitos recursos existentes na própria comunidade, as suas potencialidades, que devem ser identificados e valorizados: mão de obra, equipamentos, veículos, instalações, terra, semente, conhecimentos, etc. Muitos problemas da comunidade podem ser solucionados apenas com esses recursos próprios. Quando não são suficientes, podem contar também com as oportunidades, tanto de financiamento, como também de assistência técnica em diversas áreas, entre outros recursos não financeiros, que podem ser conseguidos com organizações parceiras, tanto privadas quanto governamentais.

Para destacar que o tempo despendido por diretores e associados nas atividades coletivas também é um recurso muito importante, Henyo usou a conhecida brincadeira da forca para identificar palavras. O tempo dedicado à associação, que está relacionado com o conhecimento ao usar a mão de obra, “também é dinheiro”.

O aprendizado com o diagnóstico organizacional também por parte das lideranças foi confirmado em alguns depoimentos dados no dia seguinte, quando foi perguntado se fazer o diagnóstico ajudou a conhecer melhor a associação:

- Aprendi coisas que não sabia. Agora temos que colocar em prática.

- O conhecimento que trouxeram para nós ajuda a desenvolver o trabalho que queremos fazer. Tinha coisas que não sabia e fiquei sabendo. Coisas que a gente queria fazer e não sabia que era daquele jeito. Agora sabemos.

- Aprendi várias coisas. Ajuda a gente a ter idéias de como fazer.

- Ajudou a saber melhor como usar essa ferramenta.

- Falando sobre os tipos de recursos, vimos que a associação tem um grande potencial também junto às comunidades e não só em atividades fora.

- Foi bom saber que recurso não é só dinheiro. Cada pessoa tem que assumir e desempenhar seu papel. Assim vai funcionar. Foi importante ver que cada um tem que reservar um tempo para trabalhar na associação. Fazer um calendário para saber que aquele dia é para trabalhar para a associação.

A próxima atividade, a ser realizada no final de julho e início de agosto, será o levantamento e priorização de problemas e o planejamento de ações da associação, com a participação de representantes das 13 aldeias, divididas em dois grupos, que se reunirão nas aldeias São Luis e Serrinha.