Cidadania também é para fazer juntos!

CIDADANIA TAMBÉM É PARA FAZER JUNTOS!

Associação é para fazer juntos. O título desta publicação, lançada pelo IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, no início de dezembro de 2011, já exprime o que será tratado em seus capítulos: que a criação de uma associação deve ser resultado de um processo coletivo e sua atuação deve ser marcada também pela participação efetiva de seus associados.


É o resultado de 10 anos de trabalho com organizações comunitárias e regionais indígenas, quilombolas, de ribeirinhos, agricultores familiares e outros, aprofundando e atualizando o que já foi publicado anteriormente em Gestão de associações no dia-a-dia.

Este blog nasceu como um espaço para troca de conhecimentos e experiências de quem trabalha para o desenvolvimento de organizações comunitárias e outras.

A partir de 2018 passou a ser também um espaço para troca de ideias e experiências de fortalecimento da cidadania exercida no dia-a-dia, partilhando conhecimento e reflexões, produzindo e disseminando informações, participando de debates, dando sugestões, fazendo denúncias, estimulando a participação de mais pessoas na gestão das cidades onde vivem.

Quem se dispuser a publicar aqui suas reflexões e experiências pode enviar para jose.strabeli@gmail.com. Todas as postagens dos materiais enviados serão identificadas com o crédito de seus autores.

É estimulada a reprodução, publicação e uso dos materiais aqui publicados, desde que não seja para fins comerciais, bastando a citação da fonte.

José Strabeli




sábado, 7 de dezembro de 2013

Natal é a novidade que construímos a cada dia!

Eu acredito em Papai Noel que, como dizia para meus filhos quando deixavam de acreditar na figura mitológica, existe em cada pessoa que é generosa, que se importa com as outras, gosta delas, quer que vivam bem, dá presentes por carinho, quer vê-las felizes.

Eu acredito que Jesus nasceu em uma manjedoura, na periferia de Belém, porque Deus quis mostrar que, se havia algo de novo possível de ser construído, seria a partir dos pobres e não dos ricos e poderosos; que fazer o bem não é uma qualidade divina, mas humana e se fez homem para nos mostrar isso e para não dizermos que ele era bom porque era divino.

Por isso eu acredito que o Natal nós fazemos agora, a cada dia em que favorecemos a cidadania dos pobres. Pobres economicamente, mas ricos em relações humanas, em economia solidária, em sabedoria da cultura popular. Por isso eu acredito no desenvolvimento comunitário e de suas organizações.

Neste Natal, quero celebrar com todos aqueles que se juntaram, em 2013, em ações cotidianas de desenvolvimento comunitário, aqueles que não mantiveram avaramente para si os seus conhecimentos e práticas, mas partilharam para que o máximo de pessoas e comunidades pudesse ser favorecido por elas.

Quero celebrar com as pessoas que, em 2013, visualizaram as páginas deste blog mais de 7 mil vezes, a partir de 54 países, lendo, divulgando, comentando e expondo suas ideias e experiências de trabalho com comunidades.

Que o Natal continue acontecendo, que Jesus continue “nascendo de novo” nos atos de cada um que, como ele, traz boas notícias e boas novidades para o mundo em que vivemos, para termos assim um 2014 novo! Como ele disse: “Bem aventurados aqueles que têm boa vontade”!!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Como a execução de projetos pode fortalecer alianças e parcerias



Nos dias 27 a 29 de novembro, foi realizada em Alter do Chão, Santarém-PA, a Oficina de Lideranças Indígenas e Associações Parceiras para fortalecer a articulação dos representantes indígenas entre si e destes com as instituições parceiras convidadas, que vêm atuando na temática da Gestão Territorial e Ambiental junto às comunidades dessas TIs, tendo em vista a execução do projeto Construindo Nossos PGTAs: Mobilização e Diagnóstico Socioambiental nas TIs Parque Do Tumucumaque, Paru D’este, Trombetas/Mapuera e Nhamundá/Mapuera, de dezembro de 2013 a novembro de 2014.


Estiveram presentes diretores de 6 associações indígenas e caciques dos povos Tiryió. Kaxuyana, Txikuyana, Waiana, Apalai, Waiwai e Hixkariana, das 4 Terras Indígenas localizadas no Amapá, Pará e Amazonas, que participarão do projeto, além do Iepé Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, da Equipe de Conservação da Amazônia – ECAM, Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas – PDPI, que financia o projeto e da Fundação Nacional do Índio – FUNAI.

Além desse projeto ser uma excelente oportunidade para o desenvolvimento da Associação dos Povos Tiryió, Kaxuyana e Txikuyana – APTIKATXI, proponente do projeto, como já foi relatado aqui, vejo que é também uma oportunidade para o fortalecimento de alianças e parcerias dessa associação e dos povos que ela representa com outras organizações indígenas e indigenistas.


Após a abertura e apresentação dos participantes, o presidente da APITIKATXI fez uma apresentação do projeto para que todos conhecessem e entendessem bem seus objetivos, atividades e metodologia. Denise, coordenadora do Programa Tumucumaque do Iepé, explicou a importância dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental para os povos indígenas. Explicou também a metodologia, participativa, que será utilizada para a realização dos diagnósticos nas aldeias e da reunião dos caciques em cada região de abrangência do projeto. Disse também que cada organização parceira participará com a sua especialidade: antropólogos, gestores, cartógrafos, etc. Mostrando o mapa da região, lembrou das relações de parentesco e comerciais tradicionais entre os povos agora confinados em terras demarcadas. Demétrio, presidente da APITIKATXI, lembrou que a existência de terras demarcadas é uma coisa nova para os índios que, antes viviam livres como passarinhos em territórios não demarcados e ressaltou que este, além de outro projeto em execução, é um importante meio de reaproximação desses povos.

 Cada associação indígena envolvida com o projeto será responsável pela execução das atividades locais. Elas foram apresentadas e seus diretores, acompanhados dos caciques da área de abrangência de cada uma, refletiram e depois apresentaram quais são as providências que precisam tomar para organizar as atividades do projeto; se estão preparados para desenvolver essas atividades; quais são as dificuldades que enfrentarão e como essas dificuldades podem ser superadas. Foi agendada uma rodada de consultorias em desenvolvimento organizacional para colaborar com a organização de cada uma das associações para a execução das atividades.

Ao discutir sobre a contrapartida exigida pelo financiador do projeto e que a associação e as comunidades também precisarão contribuir com trabalho para a realização das atividades do projeto que, como foi falado por várias lideranças, é muito importante para pensar o futuro das terras indígenas para eles, seus filhos e netos, ficou claro que não se trata de um projeto assistencialista, mas de uma união de esforços para atingir objetivos. Para conversarem em suas aldeias, para estimular o máximo de participação das pessoas, inclusive de quem ajudará no diagnóstico, será barqueiro ou cozinheiro, foi sugerido que digam que há muitas pessoas e organizações dando sua contribuição para esse trabalho. Qual é a contribuição que cada aldeia dará?
Todos demonstraram satisfação com a proposta e foram para casa animados com o projeto. Um dos caciques disse: “Este projeto vai ser nosso dever daqui para frente. É para isso que as lideranças estão aqui. Também para não ter dúvidas. É nosso dever repassar para as outras lideranças o que foi discutido aqui. Vamos ter assembleia em dezembro e vamos aproveitar para falar sobre isso.” Outro falou que “A maior preocupação nossa é com a terra. Terra dá vida. Precisamos ajudar nossos netos a ficarem felizes no futuro. Não é só dinheiro que é importante. Estamos aqui, discutindo juntos para resolver nosso problema. Esse projeto é importante. Isso fortalece o nosso trabalho. Isso fortalece a nossa união.”

Apesar da elaboração do projeto ter sido com a participação apenas da APITIKATXI, diretores das outras associações e os caciques receberam informações qualificadas, falaram e questionaram livremente, esclareceram suas dúvidas, entenderam a importância do projeto para o futuro de seus povos e o assumiram como deles também. Entenderam que além de atingir seus objetivos diretos, o projeto ainda aproxima os povos envolvidos, agrega pessoas e organizações em parcerias em que não há o melhor ou o pior, mas cada um com a sua especialidade, cada um com o seu papel para executar o todo. Este aprendizado e fortalecimento certamente impactará em ações futuras.